A história de
Fernando e Rafael é também a história do movimento apaeano.
Toda segunda e quinta-feira, antes do sol nascer, Fernando
Aquino dos Reis e Rafael Guimarães da Silva Reis já estão de pé. Eles acordam
tão cedo que, segundo o próprio Fernando, pai do Rafael, “a gente que acorda o
galo”, para chegar à Apae da Serra com disposição e alegria. O trajeto, feito
de ônibus, virou um ritual: pai e filho conversam, riem e compartilham
expectativas sobre o dia. E na volta, o Rafael conta as novidades com
empolgação: “ele fala da capoeira, da arteterapia, dos colegas e até dos
namoros que observa por lá”, conta Fernando.
É nessa rotina amorosa, construída com cuidado e presença,
que Fernando vive sua experiência como pai atípico. Rafael é uma pessoa com deficiência
intelectual e encontra na Apae da Serra um espaço de acolhimento,
desenvolvimento e autonomia. Já Fernando encontra apoio, orientação e segurança
para seguir firme em sua jornada.
“Ser pai do Rafael é um privilégio. Ele me ensina todos os
dias a ser uma pessoa melhor. E a Apae é uma parceira nesse caminho, a cada
evolução dele, meu coração se enche de alegria e gratidão”, compartilha
Fernando, emocionado.
O que é ser um pai atípico
Pais e mães atípicos são aqueles que têm filhos com
deficiências, síndromes ou condições que demandam um cuidado e atenção
diferenciados. Eles ajustam suas rotinas, aprendem novas formas de comunicação,
enfrentam preconceitos e, muitas vezes, se tornam os maiores defensores dos
direitos dos seus filhos. São famílias que vivem intensamente a parentalidade,
com doses extras de resiliência, coragem e amor.
“Ser pai ou mãe atípico é pesquisar, estudar, defender e
construir pontes para nossos filhos. Não é apenas cuidar! Ser uma família
atípica é viver em constante adaptação e o movimento apaeano é, há quase 70
anos, o maior aliado dessas famílias”, afirma Maria das Graças Vimercati,
presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES).
O papel do movimento apaeano
A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) nasceu
em 1955 como resposta da sociedade civil à ausência de políticas públicas para
pessoas com deficiência. Desde então, cresceu, se organizou em nível nacional e
se tornou o principal movimento brasileiro de defesa de direitos e prestação de
serviços especializados a esse público. Atualmente, as Apaes atuam em três
frentes fundamentais: educação, saúde e assistência social, além de promoverem
o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer.
No Espírito Santo, a Feapaes-ES coordena as ações das Apaes
municipais, fortalece a atuação local e representa politicamente essas
instituições na luta por políticas públicas inclusivas com a missão de melhorar
a qualidade de vida da pessoa com deficiência e apoiar suas famílias. E isso só
é possível por meio do trabalho diário, colaborativo e comprometido de
profissionais, voluntários, dirigentes e, claro, das próprias famílias
atendidas.
Amor que move e transforma
Histórias como a de Fernando e Rafael mostram que ser pai
atípico é viver uma paternidade profunda e transformadora. É estar presente não
apenas nos compromissos médicos e terapias, mas também nos pequenos momentos
como ouvir no ônibus o filho contando que, na aula de capoeira, ele deu um
passo a mais.
Neste Dia dos Pais, o movimento apaeano celebra todos os
pais atípicos que, com amor e coragem, seguem firmes ao lado de seus filhos e
reafirma seu compromisso com cada família que busca acolhimento, inclusão e
respeito.
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Sobre a
Feapaes-ES
A Federação das
Apaes do Espírito Santo
(Feapaes-ES) atua desde 1992 no fortalecimento das Apaes no estado. Formada por
41 instituições, sendo 40 Apaes capixabas e a Vitória Down, a instituição trabalha em propostas e projetos que visam a
garantia dos direitos, promoção da cidadania, políticas de assistência social, saúde e educação, assessorando, formando e
capacitando profissionais que atuam nessas unidades.
Desde 1965 as
Apaes estão ativas no Espírito
Santo e atualmente atendem mais de 10 mil pessoas com deficiência intelectual e múltipla, empregando direta e indiretamente,
aproximadamente 2.500 profissionais das áreas da assistência
social, saúde e educação.

