Instituições apostam em aulas on-line e ao vivo e profissionais buscam novas alternativas e ferramentas para atrair a atenção do aluno

A tecnologia já está presente há bastante tempo na rotina de alunos e professores. Mas neste novo momento que o Brasil vive, é preciso trazer novas soluções para o ensino. Sair da zona de conforto é essencial, principalmente para os professores. Por isso, eles estão se desafiando, encarando a câmera do computador, buscando novos métodos para engajar os alunos e apostando em alternativas criativas para deixar a aula mais dinâmica.

Um desses exemplos é Sandra Raimundo, coordenadora de Pedagogia e professora da Estácio. Para garantir a continuidade acadêmica, todos os alunos da instituição que cursam a modalidade presencial continuam assistindo as aulas ao vivo nas salas virtuais.

Sandra decidiu aproveitar todos os recursos oferecidos, como vídeo, chat e repositório de arquivos. Em suas aulas on-line, ela convida profissionais de fora do Estado para participar e interagir com os alunos, algo que não seria tão fácil em uma aula presencial. “No dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, convidei uma pedagoga e mãe de aluno autista, do Rio de Janeiro,
que desenvolve um trabalho na área, para falar com os alunos. Foi uma aula primorosa. E com a internet conseguimos encurtar essas distâncias”, afirma a professora.

Para ela, essa transformação, apesar do momento delicado, traz benefícios. É possível trabalhar a oralidade do aluno, explorar as inúmeras possibilidades da tecnologia e criar um vínculo ainda maior entre todos. “Temos alunos de todas as idades, alguns com mais facilidade para usar a internet, então um ajuda o outro. São grandes lições em tão pouco tempo”, reflete Sandra.

Satina Pimenta, professora do Direito e Educação Física na Estácio, também usa a internet a seu favor. Além de usar os recursos das plataformas de ensino, ela decidiu engajar os alunos também pelas redes sociais para deixar a aula mais interativa.

“Eu faço algumas brincadeiras com eles. Peço para criarem enquetes no Instagram, por exemplo, fazer alguma entrevista por Skype ou fazer alguma postagem marcando os colegas”, diz.

Ao vivo, sem cortes

Acostumada a ir para sala de aula, usar o data show, televisão, microfone, entre outros artifícios, Fabiana Salvador, professora do curso de Administração e Ciências Contábeis da Estácio, teve que encarar a câmera do computador pela primeira vez. Depois do primeiro dia, ela se sentiu mais à vontade e agora se acostumou à rotina.

“Na primeira vez tive aquela sensação de batimento acelerado, mas agora estou 100% adaptada. Se depender de mim eu não vou parar. Foi um desafio que foi abraçado por todos os professores e está sendo uma experiência ímpar. Uma pena que tenha se dado neste momento de pandemia. É uma
oportunidade até para nós, professores, de fazer aulas diferentes, utilizando outros métodos”, afirma.

Suas aulas de cálculo agora são transmitidas ao vivo para os alunos. Sai de cena o quadro branco e entra o powerpoint. “Na primeira semana teve uma resistência natural, mas a partir do primeiro encontro isso foi quebrado. Os alunos viram que o aplicativo funciona, que é possível fazer a aula ao vivo, sem cortes, que tem movimento, ele pode tirar dúvidas e tem como falar com outros colegas. Nós só estamos separados por uma câmera. É claro que sentimos falta dos abraços e do calor humano, mas enquanto não podemos ter isso, vamos nos adaptando”, diz.

Para muitos profissionais, essa é a hora de se reinventar. E para o aluno, é hora de aprender ainda mais. Portais das instituições de ensino começaram a ser usados em larga escala e, um dado interessante, a frequência dos alunos em algumas turmas chegou a aumentar com as salas virtuais, segundo o coordenador de Direito da Estácio em Vila Velha, Leandro Florindo.

“A adesão dos alunos é visível. Eles estão vendo a necessidade da utilização das ferramentas. Enquanto isso, professores apresentam suas aulas com figuras e textos, passam mais exercícios e vão criando novas fórmulas. Os professores assimilaram rápido também porque entendem que o futuro da educação parte da premissa de que precisamos nos adequar à tecnologia, isso fez com que eles se motivassem ainda mais”, afirma o coordenador.