De acordo com dados da Pesquisa Nacional
de Amostra de Domicílios (Pnad), mais da metade dos donos de negócio no estado
se autodeclaram negros
O Espírito
Santo acompanha uma tendência nacional de fortalecimento do empreendedorismo
negro. É o que evidenciam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) referentes a janeiro deste ano. Dos cerca de 604.500
empreendedores no Espírito Santo, 55,69% são formados por pessoas pretas, ou
mais de 336.600. Nesse recorte, grande parte é formada por homens na faixa
etária entre 45 e 49 anos com ensino médio completo ou não. Os dados apontam
ainda que, no estado, 16,2% da população negra é composta por donos de
negócios.
A pesquisa
apontou também que no âmbito regional, mais de 70% dos negros donos de negócios
estão no Sudeste e no Nordeste. No comparativo entre o quarto trimestre de 2012
e o mesmo período de 2024, a proporção de negros donos de negócios no Sudeste
subiu de 29,9% para 38,3%.
Crescimento
histórico
“Esses dados
representam uma consolidação importante, resultado de um crescimento
consistente ao longo da última década”, declara Juliana Castro, gestora do
Programa Plural do Sebrae/ES. Em 2012, a participação de empreendedores negros
na economia local era de 50,4%, mostrando um avanço gradual e resiliente ao
longo dos anos, conforme apontou relatório elaborado pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base em dados da Pesquisa
Nacional por Amostragem de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado no final de 2023.
O estudo também
aponta que a maioria desses empreendedores atua por conta própria, modelo que
predomina no segmento. Por outro lado, uma parcela significativa já ocupa a
posição de empregador, o que evidencia o potencial de geração de emprego e
renda dentro da própria comunidade. A pesquisa apontou ainda que, ao longo dos
anos, os homens aparecem em maior quantidade do que as mulheres como donos de
negócios.
Apesar de
muitas conquistas, os empreendedores negros ainda enfrentam alguns desafios,
como a formalização e o acesso à educação. De acordo com dados da Pnad Contínua
do IBGE, no final de 2023, apenas 25,9% dos empreendedores negros do estado
possuíam registro no CNPJ. Além disso, muitos ainda enfrentam barreiras
relacionadas à escolaridade, com uma presença expressiva de pessoas com até o
ensino fundamental. Quebrando um pouco essa regra, o estudo apontou que grande
parte das mulheres negras donas de negócios possuem ensino médio completo,
índice que apresentou crescimento expressivo na última década.
Mesmo com os
obstáculos, o protagonismo negro no empreendedorismo capixaba é cada vez mais
evidente e demonstra uma movimentação que resiste e impulsiona a economia
local, reforçando a importância de políticas públicas de apoio, capacitação e
inclusão. “A população negra enfrenta desafios históricos no acesso a
oportunidades, mas segue transformando realidades com força e criatividade. O
empreendedorismo tem sido um caminho de autonomia e de geração de renda,
especialmente entre mulheres negras, que representam uma grande força
empreendedora do país. Apesar das barreiras, negras e negros seguem inovando,
liderando negócios e fortalecendo a economia com protagonismo e resiliência”,
pontuou Juliana Castro.
Resiliência,
ancestralidade e coragem
Um exemplo de
resistência e resiliência, a história de Dilma Silva com o Espírito Santo começou
há 15 anos. Carioca, ela iniciava ali uma jornada com o propósito de mudança.
“Estava saindo de um casamento e me encorajando a ser mãe solo dos meus filhos
Lucas e Lara”, conta. Nesse percurso, Dilma, mulher preta, de 55 anos, se
deparou com dificuldades com as quais grande parte das mulheres, especialmente
as pretas, esbarra no seu dia a dia.
“Preconceito e
desvalorização foram algumas, mas a minha determinação, aliada à minha fé, à
necessidade financeira e a uma rede de apoio verdadeira que esteve comigo ao
longo do caminho me fizeram alcançar um sonho”, lembra. Hoje ela é proprietária
da Bem Afro (@bem.afro), um empreendimento que, segundo ela, fala muito sobre a
sua história: resistência, ancestralidade e a coragem de ir sempre adiante.
A loja nasceu
em 2020, em meio à pandemia de covid 19 e tem foco na comercialização de itens
como mochilas, bolsas, turbantes, mini turbantes, brincos, colares e
braceletes, todos produzidos por Dilma e sua filha Lara. “Criamos a Bem Afro
porque sentimos falta da nossa representatividade ancestral. Ela nasceu para
resistir com várias outras mulheres guerreiras e fortes”, explica.
Os produtos
criados por Dilma são comercializados tanto na loja online quanto em feiras e
eventos locais. Atualmente, ela também tem engajamento com as mulheres da
Economia Solidária do ES, que reúne um conjunto de atividades econômicas
voltadas à geração de renda e à inclusão social.
–
INFORMAÇÕES
PARA A IMPRENSA
Rogéria Gomes:
(27) 99913-2720 / rogeria.gomes@p6comunicacao.com.br
Ludmila
Azevedo: (32) 98889-0675 / ludmila.krepe@p6comunicacao.com.br
–
INFORMAÇÕES
PARA EMPREENDEDORES
Central de
Relacionamento Sebrae – 0800 570 0800
Os textos
veiculados pela Agência Sebrae de Notícias – ES são produzidos pela Assessoria do
Sebrae/ES e podem ser reproduzidos gratuitamente, apenas para fins
jornalísticos, mediante a citação da Agência.