No mês das mães, Aline Brito e Natáxida Monteiro contam suas trajetórias na Apae, integrantes da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES)

O amor de uma mãe por seus filhos é algo profundo, que move mulheres ao redor do mundo. Em alguns casos, elas também abraçam causas e transformam um acontecimento pessoal em luta por um grupo. É o caso de Aline Brito e Natáxida Monteiro, que passaram a atuar em Apaes do Estado a partir do diagnóstico de seus filhos. No mês em que é celebrado o Dia das Mães, em 14 de maio, elas contam com orgulho a própria trajetória.

Aline é membro do Conselho de Pais da Apae de Vila Velha, que participa das decisões e dá suporte à diretoria, há pelo menos 12 anos. Mas a convivência dela nas Apaes começou muito antes, há quase 20 anos, quando a filha Ágata Meyre, de 22 anos, foi diagnosticada com deficiência intelectual.

Ela, que também é mãe de Mayara Brito, 30 anos, e Safira, 21, comemora as conquistas de Ágata ao longo dos anos e toma cuidado para seguir em casa com o trabalho feito na instituição.

“A Ágata começou fazendo fisioterapia e atendimento com a fonoaudióloga e hoje participa de diversas atividades. Muitas vezes, nós limitamos nossos filhos querendo protegê-los. Mas vemos aqui como eles são independentes e lembramos que, muitas vezes, nós somos dependentes deles”, conta Aline, sobre os desafios que enfrenta todos os dias como mãe.

Mas há outros desafios. No dia a dia da Apae, a maior vontade é proporcionar a outras famílias a mesma estrutura que ela utiliza. “Queremos, enquanto voluntários da Apae Vila Velha, que todas as famílias que precisam tenham acesso à Apae. É o nosso maior desafio”.

Presidente da Feapaes, Vanderson Gaburo acompanha esses e outros desafios das Apaes de todo o Estado. Ele lembra que, sem o trabalho voluntário dessas mulheres, tudo seria mais difícil. “Temos muitas mães que trabalham voluntariamente nas Apaes de todo o Estado e proporcionam atendimento de qualidade a milhares de pessoas. Temos muito orgulho de todas elas, que superam dificuldades, como o abandono de seus parceiros”.

É o caso de Aline. Ela vive hoje com as duas filhas mais novas. A mais velha saiu de casa após o casamento. Como muitas mães que frequentam as Apaes, ela é a responsável pelo cuidado com as filhas. O pai das meninas pediu o divórcio por não conseguir lidar com as necessidades de uma das filhas.

Com o casamento em crise, veio o medo de não ter como sustentar a casa. “Eu estava bem desesperada, mas uma amiga percebeu e avisou à assistente social da Apae. Ela me falou sobre meus direitos e me apresentou a um benefício do Governo Federal. Me sustento com esse valor”.

A amiga que percebeu a preocupação de Aline era outra mãe de atendido pela Apae. A convivência enquanto esperavam os filhos acabou formando um grupo de apoio informal. Foi esse grupo que ajudou a tornar os dias da hoje presidente da Apae da Serra, Natáxida Monteiro, mais leves, após o diagnóstico de autismo do filho Henrique, hoje com 10 anos. “Fui acolhida por esse grupo. Elas ouviam os meus desabafos e me ajudavam nas crises de ansiedade”, conta Natáxida, que também é mãe de Julia, de 14 anos.

Ela frequenta a Apae há pouco mais de seis anos, já foi vice-presidente e, desde janeiro assumiu a presidência da entidade. O trabalho voluntário na Apae começou como forma de agradecimento. Henrique é autista severo e não tinha perspectivas de que ele se comunicasse com os outros. Após participar das terapias na Apae, o menino se desenvolveu e se comunica normalmente.

“Já enfrentamos desafios com o Henrique. Em uma ocasião, ficou internado três dias com febre e dor, mas não descobríamos o problema pois ele não falava. Uma pediatra brincou com ele e, após fazer uma cabaninha de lençol para conseguir se conectar, descobriu que ele estava com sinusite. Hoje, é um menino falante, que até me coloca em enrascadas com seu jeitão super sincero”, conta a mãe orgulhosa, aos risos.

Ao contrário de muitas mães de pessoas atendidas pelas Apaes, Natáxida tem uma boa rede de apoio: é casada com o contador Murilo Ribeiro e tem nele seu grande apoio. Para ela, essa estrutura familiar é fundamental para o desenvolvimento de Henrique.

Agora, Natáxida se prepara para novos caminhos. Quer fazer faculdade de pedagogia e pós-graduação em psicologia. “Quero ser psicopedagoga e continuar a ajudar ao meu filho e a outras pessoas das Apaes”, planeja.

Sobre a Feapaes-ES

A Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES) é uma instituição que trabalha desde 1992 para o fortalecimento das Apaes do estado. É formada por 42 instituições, sendo 40 Apaes, a Vitória Down e a Associação dos Amigos dos Autistas do Estado do Espírito Santo (Amaes). Atua na garantia de direitos, promoção da cidadania, e no assessoramento, formação e capacitação de profissionais que atuam no setor. Também articula Políticas de Assistência Social, Saúde e Educação, sempre honrando o compromisso com a inclusão e desenvolvimento de todos como cidadãos.

Já a história das Apaes no Espírito Santo teve início em 1965. Hoje, são atendidas mais de 9 mil pessoas com deficiência intelectual e múltipla, empregando direta e indiretamente mais de 2.500 profissionais.